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Diário do Prisioneiro[]

04 de Dezembro.

Frio. Sozinho. Dói muito. Fios. Fios por todos os lados.


06 de Dezembro.

Ruído dentro da minha cabeça.


09 de Dezembro.

Braços doem.


12 de Dezembro.

DOR. DOR. DOR. 


?? de Dezembro.

Difícil de escrever. Mãos trêmulas.


?? de Dezembro.

Não sei onde estou, mas eles pararam de bater. Os guardas.


?? de Dezembro.

Ouço o som da água.


Janeiro.

Minha cabeça dói. Tudo dói.


?? de Janeiro.

DOUTOR DOR DOUTOR DOR


?? de Janeiro

DOUTOR E PAPAI DOUTOR E PAPAI


?? de Fevereiro.

Eu tenho medo

tanto medo


?????

papai

por que?


?????

Esquecer

Quem

sou

eu

(As páginas seguintes foram escritas em outra caligrafia).

05/03.

Acredito que escrever possa ser uma das melhores opções para recuperar-me totalmente do procedimento cirúrgico. Sinto-me muito melhor agora, com as janelas abertas. O doutor me trouxe vários livros, alguns de poesia, que são bastante interessantes. Ainda assim, sinto que não deveria estar aqui. Sinto que há algo errado. Sinto que...

Eu sei que estou sendo forçado a permanecer aqui, e sei que dentro de poucos dias receberei alguma missão para cumprir. Temo por isso.


08/03.

O doutor entregou-me uma pasta contendo todas as informações do projeto no qual estarei me envolvendo. Minha cabeça ainda está confusa, mas sei que preciso cumprir estes objetivos. A vida de minha irmã depende disso.


09/03.

É estranho olhar para o espelho e não reconhecer-me. À noite, por vezes, sinto vozes que parecem clamar pela minha alma, pela minha mente, pela minha sanidade. Minhas memórias ainda estão embaralhadas. Em breve partirei para a Europa, com o escopo de cumprir meu primeiro objetivo. Não sei se poderei, ou se deverei, escrever neste diário mais. Sinto-me horrível por sequer lembrar-me do rosto de minha irmã... Faz tanto tempo. E minhas memórias, tão confusas...


10/03.

Voltei a ouvir aquela voz de novo. Parecia um grito desesperado, alguém pedindo ajuda...

O doutor disse que é apenas um efeito colateral dos medicamentos. Ele veio hoje, e retirou as bandagens em torno do meu rosto. É estranho. Sinto quase como se esse não fosse o meu rosto. O doutor pediu que eu continuasse com minhas leituras, e que memorizasse todas as informações sobre o meu objetivo. Sinto que estarei fazendo algo terrível, e temo pela minha vida, mas sei que é o único modo de rever minha irmã.


11/03.

Hoje o doutor entregou-me uma fotografia da minha irmã. Sinto-me terrível, pois, embora saiba que eu devo encontrá-la, ao mesmo tempo não consigo lembrar-me de sua face...

Eu sei que estou me esquecendo de alguma coisa. As coisas parecem voltar à minha mente, durante meus sonhos. Aquela voz... Aquela voz se identificou pela primeira vez. Jabberwocky.

Aquela voz me manda fazer coisas ruins.

E as coisas que esquecemos, elas deixam de existir?

Sobre o documento[]

Diário do Paciente 145, encontrado por Steven K. no complexo submarino do arquipélago de Shambhala.

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